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‘Oi, seguivivos’: agente funerário de Joinville desvenda o trabalho com a morte na web

As mãos de uma pessoa morta sempre devem ficar cruzadas? É preciso tirar piercings e dentes de ouro de um falecido? Como um corpo é preparado para o velório? De que forma é feita a maquiagem do morto?

As perguntas parecem um pouco mórbidas, mas a verdade é que muitas pessoas têm curiosidade em saber o que acontece depois da morte, mais precisamente na funerária. E é por isso que um profissional de Joinville tem se dedicado a responder essas e outras dúvidas.

Bruno de Oliveira tem 30 anos e é agente funerário há pouco mais de dois.  O interesse pelas questões relacionadas à morte, porém, vem desde criança quando, sem querer, encontrou um corpo enquanto brincava com os amigos em sua cidade natal, Irati, no Paraná.

“A gente encontrou um corpo e isso, para uma cidade pequena, ainda mais antigamente, era uma coisa enorme. Foi um baque porque eu não queria sair de perto. Fiquei desde o momento que encontrei até tirarem o corpo dali, foram horas”, relembra.

Depois daquilo, o interesse pelo universo da morte só aumentou, tanto que o pequeno Bruno queria ir a todos os velórios da cidade. “Fiquei fissurado e queria ver morto a toda hora, não dava paz pra minha mãe porque sempre que morria alguém eu pedia para ela me levar. Era um papa-defunto”, conta.

A mãe de Bruno não teve paz mesmo quando o filho resolveu, aos oito anos, exumar o corpo de um cachorro da família que havia sido enterrado. “Peguei todos os ossos, lavei no tanque de lavar roupas da minha mãe e enterrei de novo. Minha curiosidade era ver como o morto estava depois de enterrado”, destaca.

O interesse de criança acabou virando profissão quando Bruno saiu do Paraná para fazer um curso de necropsia em Joinville e conseguiu um estágio no IML (Instituto Médico Legal), que o levou ao emprego na funerária onde atua hoje. “Me considero realizado na profissão”.

Internautas têm várias dúvidas sobre o trabalho funerário – Foto: Redes sociais

Da funerária para a internet: Bruno conquistou os seguivivos

Com canais em várias redes sociais, Bruno conquistou os seguivivos, como chama os seguidores que acompanham os seus relatos e tiram dúvidas sobre a morte e o trabalho funerário.

No Tik Tok, são quase 300 mil seguidores, enquanto o perfil no Instagram, aberto há dois meses, já conta com mais de 20 mil usuários conectados. Além disso, ele acaba de lançar um canal no YouTube.

O trabalho na internet começou justamente para tirar as dúvidas que ele mesmo tinha desde criança. “Eu tinha muita curiosidade, mas as informações na mídia e na internet eram muito escassas. Quando eu perguntava, as pessoas procuravam me deixar com medo, por isso eu quis falar de uma forma mais leve para desmistificar a profissão, um trabalho muito digno e bonito”, destaca.

O agente funerário responde diversas dúvidas sobre o trabalho com os mortos – Foto: Redes sociais

Bruno conta que o trabalho de um agente funerário pode mudar conforme a cidade. Nas maiores, o profissional pode ficar responsável apenas por uma função. Mas em outras, como Joinville, o agente faz de tudo: da remoção do corpo ao transporte para o velório.

“Muitas pessoas imaginam o agente funerário como um Zé do Caixão, um cara mórbido, e estou fazendo isso para mostrar que somos pessoas normais, temos namorada, filhos, fazemos esporte etc.”, comenta.

E nesse trabalho de desvendar a morte, Bruno se depara com muitos mitos e tabus. “As pessoas perguntam se precisa quebrar os ossos para entrar no caixão, se os mortos aumentam de tamanho e outras coisas. Nada disso é verdade”, revela.

O retorno dos “seguivivos” tem sido muito positivo e Bruno pretende continuar o trabalho para desmistificar ainda mais a rotina dos trabalhos que envolvem a morte, além de se especializar para ser professor na área.



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