Caso nada seja feito, corremos risco de ver o pior momento da pandemia de Covid-19 em Santa Catarina durante as festas de fim de ano, segundo o infectologista Luiz Henrique Mello, coordenador do Centro de Triagem de Joinville, no Norte do Estado.
Nessa terça-feira (17), o cenário da pandemia se agravou e o número de casos ativos registrados em um único dia foi de 5.178. O maior notificado em 24h desde março, quando foram identificados os primeiros infectados em Santa Catarina.
Ao longo de outubro, o número de infectados em fase de transmissão do vírus atingiu patamar próximo ao registrado em julho, quando houve um pico da doença. Já em novembro, a quantidade de contaminados do auge da pandemia foi ultrapassada.
O agravamento é perceptível no Centro de Triagem de Joinville, segundo o infectologista. Se no início de outubro eram cerca de 30 a 40 moradores de Joinville procurando fazer o teste, nesta quarta-feira o número chegou a 250 – número semelhante ao registrado no final de abril e maio. E
“Em cerca de doze dias, no final de novembro, veremos o reflexo dessa explosão na ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). Já em um mês, em meados de dezembro, o reflexo aparecerá no aumento de mortes”.
A alta nos casos acontece em todas as regiões do Estado como mostrou a atualização da matriz de risco potencial divulgada nesta quarta-feira (18). A classificação, que considera quatro itens, revela que o grande número de casos dificulta ação de vigilância e monitoramento de contatos.
Das 15 regiões, 12 estão com a transmissibilidade em nível gravíssimo — Oeste, Xanxerê, Alto Uruguai, Meio Oeste, Alto Vale do Rio Peixe, Serra, Carbonífera, Extremo Sul, Alto Vale do Itajaí, Médio Vale do Itajaí, Nordeste, Foz do Rio Itajaí e Laguna.
Apenas a Grande Florianópolis, o Extremo Oeste e o Planalto Norte estão classificadas em nível grave, segundo mais alto da matriz.
Pandemia não acabou
Para o infectologista, a explosão de casos ocorre, pois, as pessoas acreditam que a fase grave da pandemia já passou. As flexibilizações, motivadas para minimizar impacto econômico, induziram uma interpretação errada dos fatos.
“Ficou a impressão de que a quarentena foi precoce. Chegamos próximo ao colapso em julho, mas conseguimos manter devido ao primeiro lockdown que permitira prepararmos o sistema hospitalar” afirma. “Mas a flexibilização não significa que a pandemia acabou”.
Ao achar que o pior já passou, as pessoas voltaram à vida normal, mesmo com os níveis de transmissão piorando. Registros de aglomerações em praias, gente sem máscara e mesmo o descumprimento dos protocolos por estabelecimentos comerciais passaram a ser cada vez mais frequentes.
Feriados
Conforme Mello, o aceleramento do contágio tem a ver com os feriados. Os picos registrados em novembro e outubro coincidiram com os feriados do dia 12 e dia 2. Foram os hospitais localizados nas regiões que receberam mais turistas que tiveram lotação em suas UTIs – como Florianópolis, Itajaí e Balneário Camboriú.