Apenas em 2021, a Covid-19 já matou 64 moradores de Santa Catarina com idades entre 21 e 45 anos sem comorbidades. Os dados são do Painel de Casos da Covid-19, da Secretaria de Saúde, atualizados na segunda-feira (8).
Se consideradas também as vítimas entre 21 e 45 anos que sofriam de alguma doença prévia, o número salta para 170 casos – apenas no ano corrente. Os números explicitam uma mudança de perfil entre as vítimas do novo coronavírus no Estado.
É justamente esta faixa etária que concentra o maior número de contaminados pela doença até este momento em Santa Catarina, totalizando 389.575. Segundo dados de 6 de março, pessoas de 21 a 45 anos representam mais da metade dos casos em todo o Estado.
O nível de letalidade neste grupo fica perceptível se comparados os números registrados nos últimos dois meses de 2021 aos contabilizados durante todo o período da pandemia em 2020. Ao todo, 92 pessoas com a mesma faixa etária, e sem comorbidades, não resistiram ao vírus ao longo de 2020.
A explosão de casos entre os mais jovens se reflete no aumento das internações. O Hospital Regional de São José, por exemplo, tinha 50% da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupada por pessoas dessa faixa etária no último dia 6 de março.
Agravamento
A pandemia no decorrer de 2021 vem sendo marcada pelo alto grau de letalidade da Covid-19 entre a população mais jovem.
Considerando todas vítimas entre 30-39 anos, mais pessoas morreram nos oito primeiros dias de março do que em todo o mês de fevereiro. Foram 23 vítimas no segundo mês do ano, contra 30 em quase duas semanas de março.
Já entre a faixa etária dos 20 aos 29 anos, a Covid-19 matou 13 pessoas em fevereiro e, em março, quatro até então.
Exposição e variantes
O professor Jefferson Traebert, epidemiologista do departamento de medicina da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) classifica o momento como uma “mudança epidemiológica” em direção aos grupos etários mais jovens. E atribuí dois motivos para esta mudança de perfil.
O primeiro é a maior exposição desse grupo ao vírus em decorrência da baixa adesão ao isolamento social, do desrespeito as orientações sanitárias e da maior exposição em aglomerações. Trabert ressalta que as festas de fim de ano, as praias lotadas e o carnaval contribuíram para a maior incidência de casos.
Outro ponto levantado pelo pesquisador são as novas variantes da Covid-19, cuja transmissibilidade e letalidade se mostram maiores. O aumento de casos ativos em Santa Catarina também contribui para que o vírus se espalhe mais rápido, sobretudo por haver aspectos do comportamento do vírus que não totalmente conhecidos.