Em Santa Catarina, quase 100 mil moradores não estão em dia com a segunda dose da vacina contra a Covid-19. O número acende o alerta para a participação da sociedade na campanha de imunização realizada desde o dia 18 de janeiro.
Segundo dados divulgados pela Dive-SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), até a segunda-feira (14), 99.525 pessoas não retornaram para tomar a segunda dose no período recomendado. Dessas, 57.124 não completaram a imunização com a CoronaVac e 42.401 com a AstraZeneca.
O governo do Estado aponta que, até o meio-dia desta quinta-feira (17), Santa Catarina vacinou 768.574 pessoas, ou 10,6% da população, com a segunda dose. Dos grupos prioritários, 33,88% foram imunizados.
Conforme especialistas, o “número mágico” de imunizados, capaz de reduzir o número de casos da Covid-19, é de 70% da população. Assim, será necessário pouco mais de 5 milhões de pessoas completamente vacinadas no Estado para alcançar esse percentual.
Por isso, a Dive realiza a campanha #euescolhiservacinado para reforçar a necessidade de as pessoas não deixarem de se vacinar, independente da marca do fabricante. O órgão estadual ressalta que todos os imunizantes são seguros e, mesmo após completada a vacinação, os protocolos sanitários precisam ser seguidos.
Segunda dose evita que vírus continue circulando
A médica infectologista Carine Kolling alerta que o grande risco de não completar a imunização é de não obter o resultado esperado: a prevenção de formas graves de Covid-19 e a redução da mortalidade.
“Temos que ter em mente que as vacinas que estão disponíveis no momento têm recomendação de duas doses. Elas foram desenvolvidas desta forma e a eficácia, até o momento, depende da administração das duas doses”, reforça a infectologista.
Impedir a circulação do vírus também é um objetivo da vacinação em massa. “Para isso, é necessário que grande parte da população esteja imunizada e adequadamente imunizada, ou seja, que sejam realizadas de fato as duas doses, se essa for a indicação do fabricante.”
Assim, será possível a retomada de atividades sociais e econômicas, “aos poucos, a algum grau de normalidade”, pontua Kolling.
“Apesar de possíveis reações relacionadas à administração delas, os benefícios são muito maiores, principalmente o de prevenir formas graves”, garante.
Além disso, a médica explica que não realizar a segunda dose não implicará, necessariamente, na resistência do vírus, mas o manterá em circulação e, “isso pode levar ao surgimento de novas mutações”.
Imunidade de rebanho
A “imunidade de rebanho” representa o nível de proteção coletiva que seria suficiente para conter a transmissão da Covid-19. A maioria dos modelos epidemiológicos apontam que isso seria alcançado quando 60% a 80% da população fossem vacinadas.
O epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Fabricio Augusto Menegon, explicou que a partir de 70% de moradores totalmente imunizados, a tendência é a baixa na curva de contágio do vírus.
“Trabalhamos com essa possibilidade de 70%. Alguns países conseguiram observar uma queda abrupta do número de novos casos de Covid-19 já com 50% de imunização da população. São países que investiram fortemente na vacinação, eles atacaram o problema de maneira muito disciplinada. Vacinaram rapidamente e em curto espaço de tempo, com contingente populacional muito elevado e então observaram redução de contágio”, destacou o professor.
Vacinação em SC com a primeira dose
A meta da SES (Secretaria de Estado da Saúde) é chegar a 23 de outubro com ao menos uma dose de vacina aplicada em todos os catarinenses acima de 18 anos.
O secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, alertou para a necessidade de intensificar a vacinação, especialmente em função do inverno.
“Precisamos da participação de todos para cumprirmos essa meta. A vacina e os cuidados com os protocolos sanitários são fundamentais para protegermos a nossa população, principalmente porque o inverno pode agravar a situação da Covid-19 no estado.’’
Até esta quinta, 2.243.784 moradores de Santa Catarina receberam a primeira dose, o que representa 30,94% da população. Nos grupos prioritários, a cobertura vacinal atingiu 89,74%.