Diante da maior crise hídrica vivida pelo Brasil nos últimos 91 anos, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou, na última sexta-feira (27), que as contas de luz continuarão com a bandeira vermelha em segundo patamar no mês de setembro. O valor deve ser reajustado e a decisão deve ser tomada nos próximos dias.
Com isso, o impacto será sentido pela indústria e pelo consumidor, tanto pela cobrança direta quanto ao ser cobrado pelo aumento dos custos de produtos e serviços.
A tendência, no entanto, é que não apenas o consumidor seja afetado, mas que os setores da indústria e comércio também sintam no caixa o impacto da energia elétrica mais cara.
Hoje, os consumidores pagam uma taxa adicional de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidor, mas esse valor deve subir no próximo mês.
O tema passou a ser tratado como prioridade pela equipe econômica, diante do efeito sobre a inflação. O Ministério da Economia defende um reajuste entre R$ 14 e 15 a cada 100 kWh consumidos, a vigorar entre setembro e maio.
Já a Aneel calculou que seria necessário um valor mais alto, por volta de R$ 25 a cada 100 kWh, até dezembro deste ano, com possibilidade de retorno aos atuais R$ 9,49 em janeiro.
Ainda não há previsão para quando a agência reguladora definirá o novo valor da bandeira vermelha 2. O órgão pode convocar reunião extraordinária para analisar o tema até esta terça-feira (31), para que o reajuste já passe a valer em setembro.
Também é possível que a diretoria colegiada se reúna ao longo da próxima semana. Neste caso, é possível que o órgão defina a correção com efeitos retroativos a 1º de setembro.
Impactos na indústria
O presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), Otmar Muller, lembra que o impacto no setor da indústria varia conforme o processo produtivo, sendo difícil estipular um número exato.
No Brasil, os consumidores de energia elétrica são divididos em dois grupos. As residências e pequenas empresas se encaixam no Grupo B (baixa tensão), que tem acesso à energia com tarifas estabelecidas pela agência reguladora.
Enquanto no Grupo A (alta tensão), estão grandes empreendimentos, que podem optar pelo chamado mercado livre, em que é possível escolher o fornecedor de energia. “Mesmo as grandes indústrias, que têm contrato de longo prazo no mercado livre de energia e estão fora do sistema de bandeiras, são afetadas” explica.