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Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morre aos 41 anos

O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas, faleceu hoje (16) às 8h20, aos 41 anos. Diagnosticado com câncer no trato digestivo, ele vinha lutando contra a doença desde 2019. Covas estava internado desde o início de maio no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

No início da semana, o prefeito licenciado havia iniciado nova fase do tratamento, combinando imunoterapia e terapia-alvo. Porém, na sexta-feira (14), ele apresentou piora e o boletim médico informou que seu quadro clínico era irreversível.  Segundo a equipe médica, Covas recebeu medicamentos analgésicos e sedativos e estava no quarto acompanhado dos familiares.

Nascido em Santos, Bruno Covas era o neto mais velho de Mario Covas, que foi prefeito e governador de São Paulo, além de senador, e desde muito cedo se viu envolvido na política. Cursou direito na Universidade de São Paulo (USP) e economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Filiou-se ao PSDB em 1998 e, no ano seguinte, aos 18 anos, foi eleito Primeiro Secretário da Juventude do partido. Em 2003, ocupou a posição de presidente estadual.

Sua entrada oficial na carreira pública foi em 2004, quando se candidatou a vice-prefeito de Santos, cidade do litoral de São Paulo, na chapa de Raul Christiano. Derrotado, passou a atuar, no ano seguinte, como assessor parlamentar no gabinete da liderança tucana na Assembleia Legislativa de São Paulo. Em 2006, foi eleito deputado estadual com uma votação expressiva para a época: pouco mais de 122 mil votos. Quatro anos mais tarde, tentou a reeleição e obteve a maior votação do Estado: mais de 239 mil votos.

Em 2011, convidado por Geraldo Alckmin para assumir a Secretaria do Meio Ambiente, Bruno Covas licenciou-se do posto de deputado estadual. Em 2014, foi exonerado para disputar as eleições daquele ano e foi eleito deputado federal. Em 2016, na chapa de João Doria, passou a atuar como vice-prefeito da cidade em uma eleição vencida no primeiro turno. No início do mandato, acumulou a secretaria das Prefeituras Regionais e também da Casa Civil.

Foi relator de mais de 180 projetos de lei, entre eles, o da Nota Fiscal Paulista. Também presidiu a CPI do ECAD, foi relator da CPI da CDHU e membro da CPI da Bancoop. “Sou político sim, e me orgulho disso”, disse em mais de uma oportunidade.

Herdou o comando da cidade em 2018, quando João Doria renunciou para se candidatar ao governo. Após 15 meses como prefeito, Doria confirmou que estava deixando o cargo, mas afirmou que a cidade de São Paulo ganharia um novo gestor com Covas. Com essa manobra, o político se tornou o mais jovem a comandar a cidade em sua história.

Em outubro de 2019, Bruno Covas foi internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar uma infecção em uma das pernas. Após exames mais aprofundados, a equipe médica constatou que ele sofria de trombose venosa. Dias depois, verificou-se que Covas tinha um adenocarcinoma, tipo de câncer que se origina nos tecidos glandulares, no trato digestivo. Ele realizou sessões de quimioterapia e imunoterapia e continuou despachando e encontrando a equipe enquanto estava internado no hospital.

Em fevereiro de 2020, após realização de oito sessões de quimioterapia, a equipe médica liderada por David Uip comunicou que o estado de saúde do prefeito era ótimo. Em maio, ele voltou a ser internado após desconforto abdominal causado por inflamação no intestino que regrediu espontaneamente.

Durante o seu mandato, Bruno Covas enfrentou o desafio da pandemia da Covid-19, comparecendo às coletivas de imprensa semanais ao lado do governador João Doria e da equipe do comitê de contingência, ainda que estivesse debilitado pelo tratamento do câncer. Chegou a ser diagnosticado com Covid-19 em junho. Em agosto, foi liberado para realizar atividades profissionais e pessoais sem restrições, mas a equipe médica pontuou que o prefeito continuaria realizando sessões de imunoterapia.

No segundo semestre de 2020, concorreu à reeleição, compondo chapa com o vereador Ricardo Nunes (MDB). O tucano recebeu 32,85% dos votos no primeiro turno, indo ao segundo turno contra o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Na ocasião, Covas afirmou que “a esperança venceu os radicais no 1º turno e vencerá no 2º”. Covas foi reeleito em novembro de 2020, com 59,38% dos votos, em uma campanha realizada com amplo leque de alianças e uma coligação que reuniu 11 partidos. De acordo com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), ele teve a campanha mais cara da capital, com custo de R$ 19 milhões. Após a vitória, o prefeito disse que, a partir de então, seria possível “fazer política sem ódio”. “São Paulo mostra que faltam poucos dias para o obscurantismo e negacionismo. São Paulo disse sim à ciência e disse sim à moderação.”

Em 15 de abril deste ano, Bruno Covas foi internado após exames de rotina constatarem novos focos do tumor nos ossos da bacia e da coluna e no fígado. Ele apresentou piora no quadro, com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que envolvem os pulmões. Após a colocação de drenos para a retirada do líquido, o prefeito apresentou melhora e recebeu alta em 27 de abril.

Menos de uma semana depois, Covas foi novamente internado após se sentir mal, com náusea e vômitos. A equipe médica decidiu interná-lo preventivamente. David Uip, médico responsável pelo tratamento, afirmou que os sintomas eram próprios de quem recebe tratamento quimioterápico e imunoterápico e que exames seriam feitos para determinar se o prefeito precisaria de novas sessões de quimio e imunoterapia.

Covas anunciou o pedido de afastamento do cargo por 30 dias para se dedicar integralmente ao tratamento. O comunicado foi publicado nas redes sociais em 2 de maio. “Nos últimos meses, a vida tem me apresentado enormes desafios. Neste momento, com a força e o foco que preciso colocar na minha saúde, fica incompatível o exercício responsável de minhas funções como prefeito de São Paulo, por isso, vou solicitar à Câmara de Vereadores uma licença do cargo pelo período de 30 dias, para me dedicar integralmente à minha recuperação.”

Durante a internação, após realização de endoscopia, a equipe médica constatou sangramento no local do tumor inicial, na região entre o esôfago e o estômago. Bruno Covas chegou a ser internado e intubado na unidade de terapia intensiva para investigação da úlcera causadora do sangramento, mas recebeu alta da UTI no dia seguinte após tratamento do que a equipe médica definiu como “evento pontual”. Na ocasião, publicou uma imagem ao lado do filho nas redes sociais, agradecendo a força que recebeu. “Mais uma batalha vencida. Tenho fé que vou vencer cada obstáculo. Agradeço a todas as orações, as mensagens de carinho, a força que vocês têm me dado.”

Veja o boletim médico na íntegra:

“O Prefeito de São Paulo Bruno Covas faleceu hoje às 08:20 em decorrência de um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase ao diagnóstico, e suas complicações após longo período de tratamento.

Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o dia 2 de maio, sob os cuidados das equipes médicas coordenadas pelo Prof. Dr. David Uip, Dr. Artur Katz, Dr. Tulio Eduardo Flesch Pfiffer, Prof. Dr. Raul Cutait e Prof. Dr. Roberto Kalil.”



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